A história da região que viria a ser, tempos depois, Paulínia começou em 1796, à época colonial, 26 anos antes da Independência do Brasil. Tal período alude ao sistema de sesmaria, cuja importância, em territórios português e brasileiro, vale lembrar antes de se ingressar no túnel do tempo paulinense.
Sesmaria é um instituto jurídico português (presente na legislação desde 1375) que normatiza a distribuição de terras destinadas à produção. Este sistema surge em Portugal, durante o século XIV, quando uma crise agrícola atinge o país. O Estado, recém-formado e sem capacidades de organizar a produção de alimentos, decide legar a particulares essa função. Nesse contexto, em nossa região, há notícias de duas grandes sesmarias doadas em 1796 e 1807 que, pela localização (entre os rios Atibaia e Jaguari), coincidem com o local onde hoje está Paulínia.
Barreto Leme, que havia chegado a Campinas em 1739 recebeu, 34 anos depois, de Morgado Mateus o título de “Fundador, Administrador e Diretor” de nossa cidade, que, à época, era um sertão com fauna e flora exuberantes e habitado por índios.
Em 1885 o Comendador Francisco de Paula Camargo comprou a Fazenda São Bento, enorme propriedade de terra, para produzir café, cujas primeiras mudas, seu avô materno, homônimo, havia trazido do Rio de Janeiro para Campinas em 1817. Além da São Bento, outras grandes fazendas da região da atual Paulínia eram: A Morro Alto (de José Guatemozin Nogueira), a São Luís (de Francisco da Rocha), a Fortaleza (de Domingos de Salles Júnior), a São Francisco (de Heitor Penteado e seus irmãos), a Santa Genebra (pertencente ao Barão Geraldo de Rezende e localizada onde hoje está aquele distrito), e a maior de todas em terras, onde hoje está a cidade de Cosmópolis, chamada de Fazenda do Funil ( pertencente a José Paulino Nogueira, a seus irmãos ,Artur e Sidrack, e a seu genro, Paulo de Almeida Nogueira).
Interessante destacar que as atuais cidades de Paulínia, Sumaré, Valinhos e Cosmópolis eram, na época, bairros periféricos de Campinas, afastados do centro e sem nenhum tipo de melhorias ou benefícios.
Por volta de 1880, houve um intenso movimento entre fazendeiros da região visando à construção de uma estrada de ferro, com o intuito de facilitar o escoamento da produção agrícola das fazendas, enormemente prejudicado pela presença dos rios Atibaia e Jaguari, que dificultava sobremaneira a comercialização dos produtos. Esse movimento culmina com a aprovação de empréstimos para a construção da Cia. Carril Agrícola Funilense, ligando Campinas à Fazenda do Funil. Iniciam-se, nessa mesma década, vários projetos de imigração, com o propósito de substituir a mão de obra escrava, recém-liberta, por estrangeiros que, fugindo da miséria da Europa, buscavam no Brasil novas chances de sucesso. Imigrantes, na maioria italianos, começavam a chegar a Paulínia, para trabalhar nas fazendas, por volta de 1887.
Assim, a chegada dos imigrantes e a inauguração da Estrada de Ferro (em 18/09/1899) estabeleceram uma nova ordem econômica e social no bairro de São Bento, mesclando aos costumes dos habitantes das fazendas novos hábitos, músicas, cultura e religião.
Aproveitando o momento de inauguração do trecho carroçável da Cia. Carril Agrícola Funilense, inauguram-se, também, as várias estações ao longo do percurso, recebendo nomes de diretores e membros da própria Companhia: “Barão Geraldo”, “José Paulino Nogueira”, “João Aranha”, “José Guatemozin Nogueira” e “Artur Nogueira”, dentre outras que levaram o nome da fazenda onde estavam situadas – “Santa Genebra”, “Deserto”, “Santa Terezinha” e ” Engenho”. Obviamente, os bairros onde estavam essas estações foram sendo conhecidos pelos mesmos nomes. Surge, assim, a vila “José Paulino”. Em 30 de novembro de 1944, através do Decreto-lei 14334, a vila de “José Paulino” foi elevada à condição de Distrito, com o nome de PAULINIA.Esse Decreto impedia que localidades usassem nomes de pessoas. “Cosmópolis”, no mesmo ato, foi elevado à condição de município; “Rocinha”, elevado a município com o nome de “Valinhos”; “Rebouças” elevado a vila com o nome de “Sumaré” e “Arraial dos Souzas” elevado a Vila com o nome de “Souzas”.
Desde 1942, Paulínia aumentava a arrecadação de impostos para Campinas, devido à implantação, naquele ano, de uma unidade da Rhódia Indústrias Químicas e Têxteis, que, pioneira na cidade, alterou consideravelmente a economia não só do Distrito, mas de toda a região. Em 1956, chega a Paulínia o funcionário aposentado da Assembléia Legislativa do Estado, José Lozano de Araújo. Consciente do potencial econômico do Distrito, funda a entidade “Amigos de ” e arregimenta vários homens das famílias mais antigas do local. Começa um movimento emancipatório que culmina com um plebiscito realizado em 06 de novembro de 1963, decidindo a autonomia política do Distrito. Em 28 de fevereiro de 1964, o Diário Oficial do Estado de São Paulo publicou a Lei 8092, finalmente criando o município de Paulínia
As primeiras eleições foram realizadas em 07 de março de 1965, tendo sido eleito Prefeito o candidato único do PSP (Partido Social Progressista) José Lozano de Araújo. Os primeiros vereadores, cujo caráter era voluntário, foram: Hélio José Malavazzi (presidente da Câmara pelos quatro anos consecutivos), Angelino Pigatto, Anízio Perissinotto, José Motta, João Beraldo, Hélio Ferro, José Improta, Mário Gervenutti Ferro e Orlando Trevenzolli.
Em 4 anos, Paulínia transformou-se: tinha 6000 habitantes e uma renda per capita gerada (pela Rhódia e outras empresas de menor porte) invejável: todas as ruas calçadas, isenção de impostos municipais para todos os habitantes, água encanada e rede de esgotos em todos os bairros, pavimentação das estradas de acesso, tendo sido construído o prédio da Prefeitura Municipal, que permanece até hoje.
Principais Fatos Históricos e Políticos do Município de Paulínia
1796 – O reino de Portugal doa sesmarias no local por onde passam os rios Atibaia e Jaguari.
1807 – Concessão da sesmaria Morro Azul, que provavelmente se localizava onde fica a atual Paulínia.
1885 – O Comendador Francisco de Paula Camargo compra a Fazenda São Bento, em Paulínia, à época, um sertão habitado por índios.
1897 – Inicio da construção da Capela de São Bento.
1903 – Inauguração oficial da capela de São Bento.
1890 – Fundada, em Campinas, a Cia. Carril Agrícola Funilense para viabilizar a construção da linha férrea ligando Campinas à Fazenda do Funil (na atual Cosmópolis).
1892 – José Paulino Nogueira é investido na presidência da Câmara Municipal de Campinas (cargo que equivaleria hoje ao de prefeito) autorizando o município a contrair empréstimos para a construção da Cia. Carril Agrícola Funilense.
1897 – Aprovados a planta e o orçamento para a construção da estação José Paulino, na linha da Cia. Carril Agrícola Funilense.
1899 – Inauguração oficial da Cia. Carril Agrícola Funilense (18 de setembro) juntamente com as estações ao longo da linha, inclusive a de José Paulino.
1921 – Criação da primeira escola oficial da vila, as “Escolas Reunidas de José Paulino”, que Inicialmente eram particulares, pertencentes à sra. Maria das Dores Leal de Queiroz, cujo marido, José de Seixas Queiroz, era comerciante e correspondente da “Gazeta de Campinas”.
1923 – A Estrada de Ferro Carril Agrícola Funilense passa a pertencer à Estrada de Ferro Sorocabana.
1928 – Chega a rede elétrica ao vilarejo, com inauguração de oito postes na rua principal.
1942 – A Cia. Química Rhodia Brasileira compra e instala uma unidade no bairro de José Paulino.
1944 – A Rhodia produz os primeiros litros de álcool, em Paulínia, com cana colhida na própria fazenda. – Decreto-lei 14334 eleva o povoado à condição de DISTRITO (30 de novembro).
1948 – Eleito como vereador em Campinas, o Sr. Amerígio Piva, primeiro morador do Distrito a ocupar um cargo publico eletivo.
1963 – 06 de novembro – Plebiscito pela emancipação. Ganha o “Sim” com 94% do número de votantes (794 eleitores). 1964 – 28 de fevereiro – Promulgação da Lei 8092, emancipando o município de Paulínia.
1965 – 07 de março – Primeiras eleições em Paulínia. Vence o sr. José Lozano de Araújo, que havia iniciado o movimento pela emancipação do Distrito alguns anos antes.
1966 – O governo federal decide-se por Paulínia para implantar uma refinaria de petróleo da PETROBRAS. A arrecadação financeira esperada era de um bilhão de cruzeiros.
1967 – Campanha para angariar fundos para a construção da Matriz Sagrado Coração de Jesus, uma vez que São Bento havia sido substituído, sob protesto dos moradores, como padroeiro da cidade. A solução foi manter São Bento como patrono da Capela e Sagrado Coração de Jesus, padroeiro da cidade. – Demolição do prédio da estação José Paulino Nogueira, desaparecendo assim o mais antigo marco histórico da cidade.
1968 – Formalizam-se a documentação e a doação de terras para a construção da REPLAN. – Segundas eleições para Prefeito e Vereadores. Vence o Sr. Vicente Amatte. – Ato Institucional número 05 suprime todos os resquícios do estado de direito; fechamento do Congresso Nacional.
1970 – Inicio das obras da Refinaria do Planalto. 22 de maio – Decreto Lei Presidencial, baseado na Lei de Segurança Nacional número 313, declara Paulínia, dentre outros municípios, área de interesse da segurança nacional. Como conseqüência, a cidade deixa de eleger seu prefeito, sendo esse nomeado pelo Governador do Estado, mediante aprovação do Presidente da Republica. Aos prefeitos em exercício é assegurado o direito de terminar seus mandatos.
1972 – 12 de maio – Inauguração da Refinaria do Planalto, com a presença do Presidente da República, General Emílio Garrastazu Médici.
Fonte: Site da Cidade de Paulínia / Estações Ferroviárias do Brasil / Moradores da Cidade
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